Os lugares abandonados
Uma hora e meia. Uma hora. Já descia a obscuridade. Vimos ao longe as luzes da nossa cidade, reverberantes, um halo amarelo, voltou a dar-nos um pouco de coragem. Por pouco tempo. Ainda que o comboio se movesse, a estação estava deserta. Por mais que procurasse não consegui encontrar uma figura humana. Por fim, o comboio parou. Que teria passado? Encontraríamos alguém na cidade? De repente, a voz de uma mulher, violenta como um disparo. “Socorro!”, um grito com a sonoridade oca dos lugares abandonados para sempre.