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A mostrar mensagens de outubro, 2012

A razão do sentir

Foi navegar sem medo em cima de uma folha de lótus, apesar da razão lhe ter pedido que o deixasse orientar. Riu-se para a ansiosa razão e respondeu, "pareces-me muito em baixo. Vai, caminha antes pela margem." E assim a razão, arrastando-se à margem e a observá-lo na frágil embarcação, adivinhava o naufrágio. Ele despediu-se, esperando encontra-la no seu destino, um dia mais tarde.

Complementar é preciso

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Grande parte das pessoas ainda não se apercebeu da importância da complementaridade numa relação. Ao invés, procuram um clone de si mesmas ou, pelo menos, alguém neutro (ou que se anule) que lhes permita fazer tudo à sua maneira, consoante o seu desejo e adequado ao seu feitio; uma relação “a la carte”. Esquecem-se do essencial: ter alguém que nos aumente, que partilhe connosco o que desconhecemos, que esteja disponível e anseie a retribuição; não é apenas a pessoa com quem podemos ser nós próprios, é quem nos leva a ser mais do que isso. Muito mais do que isso. Grande parte das pessoas contenta-se com a sua aproximação, eu procuro a perfeição.

Mas isso é outro dia

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Não conseguia dormir. Pôs os óculos para ver melhor a escuridão. Nada, mas um nada nítido; uma ausência focada. Começou a questionar a contradicção: como pode a escuridão existir e ser nada? Não podia ser. A verdade é que, ao contrário do que lhe haviam dito, a escuridão não se era a ausência de luz mas sim o local onde se encontrava. Resolvido o engano, adormeceu. Questionava agora o sonho e, mais tarde, a realidade.

Cenas da Vida Conjugal

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Foto: Carlos Gonçalves Cenas da Vida Conjugal - Ingmar Bergman (Teatro D. Maria II) Esta é a história de tantos aparentes casais: em que a sua vida apaixonada se consome – o seu sonho de felicidade nunca abandona o seu estatuto de sonho; entre as paredes de um lar onde a pena é cumprida. Estas cenas cconjugais debelitam a vontade, varrem o desejo; ela curva a cabeça, chora uma vida quase perdida. Com o fim da relação, retomam-se, despertam, encontram-se. Clichés à parte, o fim é um início. Ele há tantas vidas assim e tantas a precisar de uma morte natural: não mais prolongar a agonia. Por quê insistir no erro, por quê viver as nossas vidas como as vidas dos outros? Clichés à parte, a realidade é um cliché.