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A mostrar mensagens de setembro, 2009

Não pares

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Não fiques parado à beira do caminho, não congeles a alegria, não queiras sem querer, não te salves agora nem nunca. Não te salves. Não te enchas de calma, não reserves do mundo só um recanto tranquilo, não adormeças sem sono, não penses sem sangue, não te julgues sem tempo.

De amor IV

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Vivemos, vivo no teu ventre que mordo e beijo, nos teus músculos doces e vivos, na tua carne sem fim. Vivo do meu corpo e do teu corpo, da nossa vida, vivemos. A todas as horas, dentro de mim, quero dizer, chamo-te, chamam-te os que nascem, os que chegam, de ti, os que a ti chegam. Vivemos e nada fazemos senão viver mais, hora após hora, e escrevemos e falamos e vivemos.

De amor III

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Vivemos no sítio e no lugar em que o ar se inicia. Vivemos, sabemos, vivemos entre os dois, agora, um no outro, diariamente, em gestos que vemos, nas nossas mãos que nos desejam.

De amor II

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Vivemos neste quarto, na nossa cama, na rua onde o meu braço te leva, no cinema e nos parques, no metro, nos lugares onde o meu ombro encosta a tua cabeça e a minha mão a tua mão e todo eu te sei como eu mesmo.

De amor

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Vivo de ti, de amor por ti, da minha urgência pela tua pele, do meu sentir e da tua boca e do insuportável que sou sem ti. Vivo de ti e de mim, vivo de ambos, de nós.

Do you remember the first time?

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Chega-te à janela: chovem flores, revolteiam; nascidas ali acima, onde os nossos desejos, ao subir, incendeiam. Recordas-te da lua naquele final de verão?

Mulher

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Existem mulheres serenas de olhos cor de ambar, infinitas e silenciosas como as correntes que atravessam um rio de água pura. Existem mulheres rivais do fogo, que ardem por dentro perante o céu despojado. Existem mulheres tão leves que uma só palavra, uma só, as faz renascer. E existem outras, de mãos suaves, que ao tocar dissipam idéias. Existe uma mulher com todas estas mulheres nela. Mulher de pele dourada, ardente até ao mais profundo de si mesma, consumido o rosto ardente, com o nariz agitado pelo impulso, com os lábios abertos. E, maravilhosamente, eu conheci-te.

De vida vestida

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Mulher despida, vestida da tua cor que é vida, da tua forma que é beleza. Cresci na tua sombra; de olhos vendados pela suavidade das tuas mãos. E (re)descubro-te no final do verão e em plena madrugada. Mulher despida, fruto maduro de carne tremula, extase de vinho negro, boca na minha boca, horizonte puro sob o toque ardente.

Muito mais

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Todas as parcelas da minha vida têm algo teu e isso na verdade não é nada de extraordinário, tu sabe-lo tão objectivamente como eu. Há algo que queria tornar claro: quando digo todas as parcelas, não me refiro apenas a isto de agora a isto de esperar-te e tão bom encontrar-te e porra perder-te e voltar a encontrar e agora tudo. Não, é muito mais do que tudo, muito mais que a vida.

Avançamos

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Amores, rugas, alegrias, duelos, criaturas, criaturas, línguas de fogo no solsticio da terra. Todas as festas gravadas em segredo; peitos humanos, música, e onde se exasperam vozes cativas. Silêncio, nem se move, nem diz nada, afunda-se a palavra, levanta-se o sentir num único gesto, adere-se-nos o amanhecer. Toda a terra, o bosque à nossa direita, a cidade profunda à nossa esquerda, em pleno centro do verbo, avançamos na ponta do mundo.

O nosso ar

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Os três golpes da criação do mundo chegaram aos nossos ouvidos, iguais aos sons do nosso sangue. Fez-se o instante num só deslumbrar. O relâmpago percorreu-nos o rosto e recebemos a missão do fogo.

Sou

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As cores e os sons visitam-nos em pequenos grupos, enquanto o sonho duplica o nosso encanto. Põe-se a gritar a alegria, mulher de aroma selvagem. O Outono chegado que nos tomou o sentir com uma só mão.

De ti

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Num país tranquilo recebemos a paixão do mundo. Desconheciamos o dia quando o fogo nos foi assim entregue, e a sua luz rasgou a sombra. Inventa-se o universo. Olharam-se, tocaram-se com mãos precisas, alcança-nos o aroma. Estações, rio, folhas, flores, madeira molhada, ervas azuis, todo o meu haver sangra o teu perfume.

Livres

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Nan Goldin Despida de tempo em horas anormais. Os seios esféricos sobre o corpo horizontal. Apontando, atravessados por veias azuis. Um murmurar sanguíneo. Soltos e despidos: espessos e erectos; livres.

Vejo-a dormir

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Quente aí onde te toco. Radiante em qualquer dos teus poros. Esplêndida e irrepetível. Reproduzimos toda a vida, e afogamos a melancolia com sumo das tuas mãos. Situado o corpo nas nuvens para que chova, sobre as vozes e o movimento. Sermos dois um único verbo.

Sei o que somos

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Sei que sou o mesmo, que algo nos une irremediavelmente e nos sustém uma mesma matéria. Há um mesmo sangue, um mesmo rio de vida que nos golpeia e uma mesma esperança que se faz angústia na garganta e no peito, sempre. Cruzam-se nos espelhos os olhos, árvores, lagos, terras diferentes.

Meio-dia

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Sobre o granito retorcido, parado, intenso e infinito no seu amplo silêncio, o meio-dia. Árvores que, sem o movimento dos ventos, se elevam ao sol que as espreita.

Estamos além

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" Todo nos amenaza: el tiempo, que en vivientes fragmentos divide al que fui del que seré, como el machete a la culebra; la conciencia, la transparencia traspasada, la mirada ciega de mirarse mirar; las palabras, guantes grises, polvo mental sobre la yerba, el agua, la piel; nuestros nombres, que entre tú y yo se levantan, murallas de vacío que ninguna trompeta derrumba. Ni el sueño y su pueblo de imágenes rotas, ni el delirio y su espuma profética, ni el amor con sus dientes y uñas nos bastan. Más allá de nosotros, en las fronteras del ser y el estar, una vida más vida nos reclama. Afuera la noche respira, se extiende, llena de grandes hojas calientes, de espejos que combaten: frutos, garras, ojos, follajes, espaldas que relucen, cuerpos que se abren paso entre otros cuerpos. Tiéndete aquí a la orilla de tanta espuma, de tanta vida que se ignora y se entrega: tú también perteneces a la noche. Extiéndete, blancura que respira, late, oh estrella repartida, copa, pan que inclinas la

Caminho

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A voz sobre o impulso das asas, sobre o céu destendido. Há ruído, se a terra se mostra liberta-se o horizonte, tudo renascido. À vontade do vento, todas as árvores, todos os limites e todas as estrelas que se corrompem na água, uma palavra dita encostada à orelha, o final de uma canção, o nome do teu rosto, a chama dupla, onde vivemos.

Nas tuas mãos

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Nas tuas mãos o céu diurno. A nossa sublime beleza quando ardemos, uma existência que desafia, que ultrapassa toda a descrição de amor.

Chegada

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Não a vi, nenhum indício das suas pedras. Segui as sombras, atravessei o rio e o silêncio. Andei absorto detrás das nuvens, ela não estava ali. Ela não é um lugar mas um sentir, a outra luz do horizonte, o meu caminho. E quem ama assim já chegou, já vive nela.