Que o homem é a mais nobre das criaturas, pode inferir-se de nenhuma outra ter contestado tal afirmação.
Meio-dia
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Sobre o granito retorcido, parado, intenso e infinito no seu amplo silêncio, o meio-dia. Árvores que, sem o movimento dos ventos, se elevam ao sol que as espreita.
A montanha desloca-se sobre o coração que se alumia: a língua alumia-se
A idade que escrevo escreve-se num braço fincado em ti, uma veia dentro da tua árvore.
As mãos carregam a força desde a raiz dos braços a força manobra os dedos ao escrever da idade, uma labareda fechada, a límpida ferida que me atravessa desde essa tua leveza sombria como uma dança até ao poder com que te toco. ... E eu escrevo-te
Toda
A luz salta às golfadas. A terra é alta.
E como estrelas duplas consanguíneas, luzimos de um para o outro.
[Herberto Helder]
Todas as tardes, um cardume de tardes, contigo. Tudo,
Não posso adiar o amor para outro século não posso ainda que o grito sufoque na garganta ainda que o ódio estale e crepite e arda sob as montanhas cinzentas e montanhas cinzentas
Não posso adiar este braço que é uma arma de dois gumes amor e ódio
Não posso adiar ainda que a noite pese séculos sobre as costas e a aurora indecisa demore não posso adiar para outro século a minha vida nem o meu amor nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração.
[António Ramos Rosa]
Não pude. Todos os dias, noites, lugares, alturas, contigo.
Lisboa, 2015 (Fernando M.) Os comboios, como se parecem com a vida! Faltavam duas horas. Duas horas mais tarde, à chegada, saberíamos a sorte que nos esperava a todos. Duas horas.
Desde pequenos estavam marcados pelo amor. Por detrás da sua aparência quotidiana guardavam a ternura e o sol de meia-noite. As mães encontravam-nos a chorar por um pássaro morto. Estes seres viveram no mundo dos realizadores de sonhos, atacados ferozmente pelos portadores de profecias de catástrofes. Chamaram-lhes iludidos, românticos, pensadores de utopias. Os realizadores de sonhos faziam amor todas as noites. Desta forma recomeçou o mundo a sua vida.
F.J. Torgal Dois silêncios em separado que, reunidos, encontram a voz; dois olhares que juntos sorriem, agora perdidos como estrelas por detrás de árvores sombrias; duas mãos distantes em que toque se anseia; dois peitos de mútua chama, feitos o mesmo; dois, o mesmo mar.
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alumia-se
A idade que escrevo
escreve-se
num braço fincado em ti, uma veia
dentro
da tua árvore.
As mãos carregam a força
desde a raiz
dos braços a força
manobra os dedos ao escrever da idade, uma labareda
fechada, a límpida
ferida que me atravessa desde essa tua leveza
sombria como uma dança até
ao poder com que te toco.
...
E eu escrevo-te
Toda
A luz salta às golfadas.
A terra é alta.
E como estrelas
duplas
consanguíneas, luzimos de um para o outro.
[Herberto Helder]
Todas as tardes, um cardume de tardes, contigo.
Tudo,
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração.
[António Ramos Rosa]
Não pude.
Todos os dias, noites, lugares, alturas, contigo.