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A mostrar mensagens de janeiro, 2012

Vaga lume II

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A mais vulgar das ervas em alguma fenda escondida tem nos seus estreitos limites a mesma força que controla a maior das árvores e as aumenta, ano após ano, folha, galho, ramo, até à sombra em que os animais se guardam em dias de Verão. Ergue-se aqui uma árvore em miniatura, erguendo pequenos ramos em direcção ao céu, expondo-se ao sol matinal, surgindo fruta e sementes que crescem sobre a decadência de outra. Tira apenas a luz, perdem-se o conforto e os amigos no labirinto de uma noite sem estrelas.

Vaga lume

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Tira apenas a luz deixando tudo o resto, animais e árvores, paisagem, casas habitadas, metais preciosos e riquezas acumuladas; o que fica? O escárnio de uma noite cega, existir enquanto morto, tropeçar nos caminhos de um labirinto sem esperança, sedento com nascentes à distância de um toque, a morrer de fome em campos de milho.

Natural de qualquer parte II

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Diz ele que não deve partir de casa, que mantém um quarto para aqueles que vagueiam. Ele também sabe que tarefas atribuir aos insectos na privacidade de divisões seladas, com cortinas pesadas a impedir luz solar – as larvas com a fraqueza do sono. Nenhuma criatura se pode evadir às armadilhas que colocou para apanhar o que as assombra.

Natural de qualquer parte

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Ele espera em casa, e conserva tudo o que dela se desprende. Diz ele, a viagem foi uma mera imprevidência por ventos que o pensamento semeia no campo. Recusa-se a manter um jardim como património classificado, mas deleita-se a cumprimentar as plantas a seus pés. Escolhe uma flor como bandeira e sonho de uma antiga paixão.

Espelho teu

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Chega o dia sobre o topo do monte, ela observa as árvores em seu redor, a sua face refletida. Deixa-se ficar por ali sobre o céu curvado, observando brumas matinais que seguem o caminho sinuoso em degraus monocromáticos. Abaixo, nas águas límpidas, a luz solar é quatro vezes arremessada em toda a sua extensão. Por vezes, ao amanhecer, as nuvens parecem deixar-se ficar num ponto distante, em pausa de voo. "Responde-me isto: pode alguma coisa ser tão sublime como o esplendor deste momento roubado ao tempo?"  

História lunar

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A água ondula suavemente em direcção ao corpo, curva-se com ele. Suavemente, a luz lunar que a água leva e deixa ao abandono. A criança de um povo a oriente, o pensamento de uma outra raça. O que faz ela neste pálido cenário? “A lua é sempre a mesma”, diz. Escreve na água a sua história, fica por um momento e desaparece.

Em campo

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Em campos de vegetação suave a escapar da terra, irás sentir, como asas que se agitam, a sombra das minhas mãos a acaricia-las. Esta é a minha natureza, a minha vida e o meu domínio: a essência que hei-de respirar até aos últimos dias; e sobre a escuridão do sofrimento humano irei tentar gravar a forma do que sinto.

As palavras

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Cada palavra é o que é. Exactamente isso e não outra coisa. Interessam-me os seus significados e faço os possíveis para não as desvirtuar. Procuro-as e, por vezes, elas encontram-me.

Ao meu avô II

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O que sonhas, no teu longo e quieto sono? Com a largura dos oceanos, para ti desconhecida, o vazio do seu desperdício de orgulhos e profundezas por mostrar? Conta-me o teu sonho. Irás esquecer que a vida te era próxima? Os passos de pequenos pés na tua direcção? A sede consolada, as coisas secas molhadas pela vastidão, a fria vastidão de um mar que nunca conheceste? Sonha, sonha, o teu caminho é longo e termina nesse mar. No final dos sonhos estão ondas à espera.