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A mostrar mensagens de agosto, 2011

O inestimável prazer

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Uma nota de música suspensa, uma nuvem que termina na minha avenida, uma mão bronzeada, a voz de quem amas, um parágrafo, destroça assim a minha defesa lentamente forjada e, uma vez mais, fico perante o inestimável prazer de assim te desejar.

Atrás dos montes

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Com que drogas conspira ele para ainda a chorar incessantemente: afogado na monotonia do tilintar de chaves, apunhalado por uma caneta, esmagado no cruel mecanismo do sono e comida e trabalho e comida, até à ilusão do domínio da vontade feroz, e ela se ter tornado uma imagem perdida como o sol atrás de montes.

Lua em branco

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A estrada, a Lua em branco acima; branca na Lua a estrada que me leva a ti. Ainda pendura a extremidade, ainda, ainda ficam as sombras: os meus pés sobre a poeira lunar seguem o caminho incessante. O redondo do mundo, diz quem viaja, e a linha recta como o caminho mais desinteressante entre pontos, continua a marchar, o caminho irá guiar alguém de volta.

As voltas II

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A poeira que o vento levantava colidiu com as tuas pernas esguias. O vento que me acariciava enquanto eu seguia um caminho até à pele brilhante que ia surgindo entre tecido esvoaçante. Ficaste sem peso, ergueste as sobrancelhas colocando uma questão. Ouvi-te sussurrar baixinho, enquanto te espreitava.

As voltas

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O sol, derretido e nu, enrugou-nos os olhos, protegidos pelas mãos. A correr, passaste por mim em direcção à sombra das árvores. Virei-me deslumbrado, foquei a maravilha. Correste por entre as árvores, virando, rodopiando a dançar e cada girar te trazia mais perto do banco onde estava sentado.

Estuário

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 Ariel Plotek O suor de Agosto serpenteava testa abaixo, enquanto ele sonhava fora da janela da sala. A voz da sua colega era silenciada pela inquietação, corpos em movimento, contorcendo-se nas suas secretárias. As faces viravam-se coordenadas para acelerar o relógio. Aumentou até explodir, libertou uma tempestade ao erguer-se. Todos nós saímos a corer pela porta de aço, inundando o pátio exterior – um estuário de empregados de escritório.

Onde em tempo

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Tinha vivido debaixo de terra, e ela habitado entre nuvens. Regressou à caverna do seu nascimento. Não deviam qualquer gratidão à sorte, apenas um ao outro e ao consequente acelerar cardíaco. Nem o tempo nem o lugar ou qualquer circunstância, conseguiram manter os seus lábios, o seu peito, o seu sentir afastado.

O regresso II

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Arrependeu-se, de volta relutante; penso que alguém o terá acompanhado pelo caminho. O seu rosto era pálido e estreito; falava como se estivesse a pedir. Claro que o deixou entrar. E, desde o seu delicioso regresso, celebrou o dia, o modo como chegou, o encontro das mãos ao primeiro toque.