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A mostrar mensagens de junho, 2010

O primeiro ano

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A casa como barco no alto mar de Agosto. As ruas como carruagens de noite sossegada. Coisas que passam no mundo. Agora vivo. E tu olhas-me, decidida a existir e, no fundo dos teus olhos, existe também o mundo. E eu contigo.

Desafio

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Pergunto-te, como sabe o bolbo hibernado quando acordar? Preso à terra gélida, à humidade nocturna, como sabe ele que chegou o momento de empurrar a sujidade que o envolve e tornar-se flor a 30 de Junho? Desafio-te, pega num bolbo e despe-lhe a sua casca brilhante como papel de cobre, como uma cebola camadas sobre camadas, e mostra-me onde guarda ele o relógio ou o microchip que lhe diz quando começar. Estaria escrito na semente de Setembro? Desafio-te, arranca-me a espiral de AND, os ventrículos que bombeam, a massa dentro da minha cabeça, e mostra-me onde guardo o sentir por ti, o amor com duração de existência.

E assim

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Juntos no esplendor nocturno e a observar, como pacientes da natureza, as águas em movimento de puro circundar as costas humanas. Ainda firme, ainda imutável, empilhada no peito amadurecido, sentir para sempre a sua queda suave, acordado para sempre numa doce agitação, quieto para ouvir o seu respirar. E assim vivo sempre.

Into your arms

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Estou sem fôlego nos teus braços, pairas sobre mim, as tuas asas circundam-me, movem-se lentamente, pairam, pairam… Espreito a tua forma, a tua silueta, a curva do teu peito; espreito mais, tu agarras a nossa sombra. Procuro o teu calor, o teu mar; flutuo sem esforço, deixo-me levar pela corrente pelas tuas passagens secretas, as tuas cavernas; algures na escuridão, ouço-te. Sem fôlego, sem fôlego nos teus braço.

Sede

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O teu aroma e as manchas nos meus lábios; bebe-se o beijo. Tenho sede, a minha sede aumenta com beijos cada vez mais profundos; o aroma ao respirar-te liberta o desejo. E nos meus lábios agora os teus lábios começam vorazmente a reunir-se em beijos que possuem. O aroma do teu respirar liberta um intoxicante prazer; aumenta a minha sede sob os teus beijos sedentos.

Partida

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Estive adormecido tempo demais. Depressa, o amor chegou atrasado! Errante, sozinho, não sabemos de onde. O fim do Verão, como um sonho encontrado, é alterado. Ouço as suas asas ao pousar, o respirar profundo junto a mim; no bater de coração, ouvimo-nos partir.

A beleza em ti

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A beleza, a beleza em ti. Sento-me ao lado dos teus pés. Beijo-te a mão, curvo os braços em ti, sussurro-te. E nada me parece tão intenso como o beijo que chega à face. Ao beijar-te, sem controlo, na minha mente emocionada flutua o ser. Até mesmo quando falo, a simples palavra beijo provoca um estremecimento, ao derreter o silêncio quebrado.

A melhor troca

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Nan Goldin Amanhece e acordam os amantes. Partem e levam consigo o prazer, a resposta apaixonada, a cortina que se abre: devemos partir e o amor viver. O verdadeiro amor tem o meu bater de coração, e eu o seu: uma troca justa. Seguro o dela entre mãos e encontra-se o meu nas suas mãos, não poderia ter havido melhor troca. Um perfeito um, no sentido do que se pensa e sente.

Orbita III

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Hans-Peter Feldmann Abrem-se aos meus beijos os lábios sensuais, sorvo-te; as tuas mãos brincam entre o meu cabelo. O deleite de corpos nus, o teu peito, um jardim de tomilho selvagem que o olhar trespassa sem nunca ferir: devemos ficar, e o amor viver. Prolonga-se o beijo, o teu sabor no meu palato, nenhuma felicidada terrena como esta que nos preenche, todos a nossa doce e lasciva vontade. A delícia, o prazer dos dias, e amar uma vez mais, e ficar e viver.

Orbita II

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Membros que se encontram entrelaçados, acaricia-me a mão lasciva; os meus ouvidos crescem surdos, os meus olhos cegos, a minha língua estava quente dos beijos libertos, curta loucura, e nós perguiçosamente pendemos na cama ardente. Eu estava desperto – o seu desejo levou-a sobre mim. O nosso prazer: devemos ficar, e o amor viver.

Orbita

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A recordação das longas delícias do amar entre respiração e lágrima, ainda penso sobre as noites em que sussurrava para ouvidos apaixonados os desejos encontrados, o desvanecer de temores. Brilhas na escuridão sob uma luz estranha. Os maravilhosos orbes curvam-se voluptuosamente sobre mim: devo ficar, e o amor viver.

O saber

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O sabor de ser amado, apesar do suspirar na ausência acordado, apesar do por vezes entristecer, pelo sentir. A música feita nossa, banda sonora em tempo real cantada em ambos os lábios, em olhares que se trocam e espreitam e amam e vivem.

Beijo-a

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O beijo, um luxuriante desfecho! Música tocada em pequenas teclas pérola, num tempo de melodias envolventes, um ardente sentir a compasso de bater cardíaco. Sonoro, o beijo! Inigualável, indescritível. Curvado sobre o seu corpo, cresce a embriaguez, arrebatadora. Ela como a música e o vinho. Somos maiores que nós, e mais ousados, de uma linha clássica reescritos.

Da fruta

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A tua boca tem o aroma agudo da fruta a amadurecer. Mas cedo o lábio, por ela perfumado, saboreia na sua acidez um doce sentir.

Ao partir

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Havia chegado o momento da separação, de o deixar enquanto ainda se importavam. Deixá-lo enquanto ainda podia olhar para ele e o achar justo. Poderiam suportar uma manhã de amargo acordar, poderia, aceitar um amor menor? Devia ir, embora o seu mundo fosse ainda de felicidade. Foi um fogo que, se tivessem esperado, se iria extinguir deixando apenas cinzas mortas, cinzas de vergonha por tudo o vivido – cinzas acastanhadas. Terão assim a doce memória, o que deixaram, intocável, ainda intacta; beijou-o uma última vez.

Não é segredo II

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Não me perguntem para onde se deslocam os átomos do dia; alguém os preparou para enriquecer os cabelos. Não me perguntem mais onde cai a luz das estrelas; porque repousam nos seus olhos e nessa esfera permanecem. Não me perguntem mais pelo Este ou Oeste; é na direcção dela que sigo e no seu seio perfumado me encontro.

Em campo

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Pelo campo seguimos, eu falava para mim mesmo - 'Que beijos estes? Dois amantes que se espreitam, e o tempo que os deita lado-a-lado sobre a terra.' Sob esta árvore não há outro amar comigo, cobrem-nos folhas prateadas com som de chuva, e eu nada soletro na sua agitação; talvez agora estejam a falar com ela. Falam sobre um tempo entre mãos, sobre o nosso tempo.

Ela mar II

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As estrelas escondem-se entre escuridão e neblina, a lua e o sol estão mortos, ela beijou-me o corpo sobre a cama. Nenhuma luz brilha assim esta noite – a menos que ela seja a luz. Tão silenciosa. Ela ama as sombras, e tem-me no seu peito. Nenhuma canção se ouve esta noite – apenas a sua voz. O mar ruge em redor da casa, nada a temer. Ela diz o meu nome e abraça-me. É ela o meu mar.

Onde vivo

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Como é que eu vou trabalhar depois de teres partido? A quem vou telefonar e falar durante a noite silenciosa? És a minha vida, a minha tapeçaria de carne, sangue, osso, suor, pele, músculo. Onde viverei depois de teres partido? O tempo irá passar por entre mãos. Como irei comer sem o meu dia no teu prato? És o único lugar onde vivo.