Imagens



Por detrás das folhas, sob o dourado onde começam a trabalhar insectos, mensageiros do esquecimento, é mais fácil sobreviver às novas obrigações. Há que desconfiar da serenidade com que estas folhas esperam a sua queda inevitável, a sua vocação de pó e nada. Elas podem permanecer ainda uns instantes para testemunhar a sua própria derrota perante o tempo. Há objectos que não viajam nunca. Permanecem imunes ao esquecimento. Ficam presos a uma eternidade feita de instantes paralelos. Esta condição singular coloca-os à margem da vida. Não os visita a dúvida nem o espanto. O sonho dos insectos é composto por metais desconhecidos que penetram no reino mais obscuro da geologia. Que ninguém erga a mão para alcançar as estrelas que nascem. O sonho dos insectos é composto por metais. Cuidado. Uma ave desce e, atrás dela, cai também a manhã.

No fundo do mar cumprem-se lentas cerimónias presididas pela quietude das matérias que a terra renegou há milhares de anos ao esquecimento das profundezas. Floresce em gestos desmaiados o despertar das medusas. Como se a vida inaugurasse o novo rosto da terra.

Comentários

Maria disse…
Respondeu: Desta altura vejo o Amor!
A.Q.

Abraço-te,
Unknown disse…
E à volta, Amor...tornemos, nas alfombras
Dos caminhos selvagens e escuros,
Num astro só as nossas duas sombras...
(Florbela Espanca)

Abraço-te,

Mensagens populares deste blogue

Os realizadores - parte I

Dois