Emergência



Chega um momento em que tens que te levantar e gritar:

“Isto sou eu, porra! Pareço aquilo que sou, penso o que me passa na cabeça, sinto assim e amo desta maneira! Sou todo um complexo pacote. Levem-me ou deixem-me em paz. Aceitem-me ou sigam para outro! Não tentem fazer-me sentir menos pessoa, apenas porque não encaixo na vossa ideia de como devo ser e não me tentem mudar para encaixar no vosso tupperware. Se eu precisar de mudar, eu mesmo tomarei essa decisão.”

Quando fores suficientemente forte para tu mesmo alimentar o teu amor-próprio, ficarás espantado com as possibilidades que a vida te apresenta.

Comentários

Maria disse…
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes...

Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos...
De vos ouvir demasiadamente de perto,

E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,

Fazendo-me um acesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma.

Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!

Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente...

Olá a tudo com que hoje se constrói, com que hoje se é diferente de ontem!

Eia! sou o calor mecânico e a electricidade!

Álvaro de Campos
[excertos Ode Triunfal]

A vida é uma torrente, é uma "coisa" para nos perdermos dentro dela.

Tudo.
Unknown disse…
Chegado o momento
em que tudo é tudo
dos teus pés ao ventre
das ancas à nuca
ouve-se a torrente
de um rio confuso
Levanta-se o vento
Comparece a lua
Entre linguas e dentes
este sol nocturno
Nos teus quatro membros
de curvos arbustos
lavra um só incêndio
que se torna muitos
Cadente silêncio
sob o que murmuras
Por fora por dentro
do bosque do púbis
crepitam-me os dedos
tocando alaúde
nas cordas dos nervos
a que te reduzes
Assim o momento
em que tudo é tudo
Mais concretamente
água fogo música

(David Mourão-Ferreira)

Para me perder em ti.
Todo.
Anónimo disse…
I’m interested in what people do with the chaos in their lives and how they respond to it, and simultaneously what they do with what they feel like are limitations. If they push against these limitations, will they wind up in the realm of chaos, or will they push against limitations and wind up in the world of freedom?

Philip Roth

Em ti, todas as possibilidades!
Abraço-te.
Maria disse…
E haverá sempre

...o eterno gesto de se doar e de receber o que o planeta te oferece...

M. Rollemberg

Tudo!

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