Ascensor



A liberdade é um movimento em ascensão até às mais altas hierarquias. Tomar o tempo dentro de si, dentro da nossa dimensão limitada, e abri-lo como um olhar que alcança tudo: o passado, o presente e o futuro. A liberdade explica o tempo, e devolve-o ao seu destino real: a eternidade. A liberdade identifica-se com a aventura de ser.

Comentários

Maria disse…
Toda [esta nossa] torrente de palavras é um Grande Sim à vida, um Sim indiferente ao bem ou ao mal, um Sim egoísta, propício, ávido, generoso, opulento, estúpido, cósmico, um Sim de aceitação que funde e confunde no seu monótono fluir o passado, o presente e o futuro, aquilo que fomos e somos e seremos, tudo junto e todos juntos numa grande exclamação como uma enorme vaga que ergue, afunda e envolve todos num todo sem começo nem fim.

O amor é o reconhecimento, na pessoa amada, desse dom de voo que distingue todas as criaturas humanas. O mistério da condição humana reside na sua liberdade: é queda e é voo. E nisto também que reside a imensa sedução que exerce sobre Nós o amor.

Ama-se uma pessoa, não uma abstracção. Também se emprega a palavra amor para designar o afecto que professamos pelas pessoas do nosso sangue: pais, filhos, irmãos e outros parentes. Nesta relação não aparece nenhum dos elementos da paixão amorosa: o descobrimento da pessoa amada, a atracção física e espiritual, a procura de reciprocidade, enfim, o acto de escolher uma pessoa entre todas as que nos rodeiam.
Ninguém escolhe os seus pais, os seus filhos e os seus irmãos: mas todos escolhemos as nossas, os nossos amantes.

O amor é intensidade; não nos oferece a eternidade mas a vivacidade, esse minuto no qual se entreabrem as portas do tempo e do espaço: aqui e lá, e agora e sempre. No amor tudo é Dois e tudo tende a ser Um.

Octávio Paz in, A Chama Dupla - Amor e Erotismo

Sem o outro (ou a outra) não serei eu mesmo. Sou, contigo.
Tudo,
Unknown disse…
Chegado o momento
em que tudo é tudo
dos teus pés ao ventre
das ancas à nuca
ouve-se a torrente
de um rio confuso
Levanta-se o vento
Comparece a lua
Entre linguas e dentes
este sol nocturno
Nos teus quatro membros
de curvos arbustos
lavra um só incêndio
que se torna muitos
Cadente silêncio
sob o que murmuras
Por fora por dentro
do bosque do púbis
crepitam-me os dedos
tocando alaúde
nas cordas dos nervos
a que te reduzes
Assim o momento
em que tudo é tudo
Mais concretamente
água fogo música

[David Mourão-Ferreira]

Todos os momentos contigo, água, fogo, música.
Tudo,

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