Que o homem é a mais nobre das criaturas, pode inferir-se de nenhuma outra ter contestado tal afirmação.
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A palavra é chama em casa, e nos jardins. Sente-se, assim como o silêncio que a envolve. A palavra é a voz dos renascidos, um jogo invisível, dança entre cortinas, face a ti, que é onde vive a palavra antes de desaparecer.
Há palavras que nos beijam Como se tivessem boca, Palavras de amor, de esperança, De imenso amor, de esperança louca. ... Palavras que nos transportam Aonde a noite é mais forte, Ao silêncio dos amantes Abraçados contra a morte.
Mais do que um sonho: comoção! Sinto-me tonto, enternecido, quando, de noite, as minhas mãos são o teu único vestido.
E recompões com essa veste, que eu, sem saber, tinha tecido, todo o pudor que desfizeste como uma teia sem sentido; todo o pudor que desfizeste a meu pedido.
Mas nesse manto que desfias, e que depois voltas a pôr, eu reconheço os melhores dias do nosso amor.
[David Mourão Ferreira]
Os melhores dias do nosso amor: ontem, hoje, amanhã, sempre. Tudo, contigo.
Aquele que diga a primeira palavra deixará cair o primeiro vaso, aquele que golpeie o seu assombro com violência verá aparecer o fogo nos seus cabelos, aquele que ria em voz alta será o primeiro a guardar silêncio, aquele que desperte antes de tempo surpreenderá o seu corpo entre as árvores; e o mar, como algo interrompido, volta a ouvir-se ao longe e na sua respiração escutamos outra vez o ruído daquela porta que bate empurrada pelo vento.
A árvore em frente à sua casa cheirava-lhe diferente a cada manhã. Por vezes um aroma como os cabelos da sua mãe. Outras vezes levava o cheiro das flores emprestado; e outras ainda cheirava como de regresso de uma longa caminhada. A árvore em frente à sua casa tinha diferentes cheiros, como as pessoas crescidas.
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Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
...
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
[Alexandre O'Neill]
Tudo, contigo.
Toda,
Sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.
E recompões com essa veste,
que eu, sem saber, tinha tecido,
todo o pudor que desfizeste
como uma teia sem sentido;
todo o pudor que desfizeste
a meu pedido.
Mas nesse manto que desfias,
e que depois voltas a pôr,
eu reconheço os melhores dias
do nosso amor.
[David Mourão Ferreira]
Os melhores dias do nosso amor: ontem, hoje, amanhã, sempre.
Tudo, contigo.