Tarde lenta



Toco-a com as minhas mãos, beijo-a, deixo que adormeça lentamente no meu peito, que desperte estremecida de um sonho interrompido. Enfrento o céu, os pássaros e a sua boca entreaberta, delicada e trémula. Intima como um toque, a tarde, observo um avião rasgar o ar e quase lhe toco com a ponta dos meus dedos. São tantas as coisas que me fazem senti-la: a luz, o vento, uma mão nesta tarde que parece de carne, esta tarde de olhar lento.

Comentários

Maria disse…
uns olhos que
rompem o tempo, e me fixam com
a sua exactidão de nuvem. As palavras
despem-na de adjectivos, restituindo-a
a uma pura essência de beleza. O corpo
ergue-se de uma ruína de sentimentos; a boca
hesita num silêncio que demora, como se
não tivesse resposta...

Mas doíam-me as dúvidas
que trouxe deste dia; e
colei-as às flores de uma árvore,
para que delas nasçam
os frutos luminosos de amanhã.
De noite, quando me esquecer
da ondulação verde da terra,
ouvirei o silêncio - e nas suas palavras
contarei as sílabas mudas do amor,
enquanto o mundo não acorda.

Agarrei as formas e as cores
desse pedaço trémulo de vida no ângulo
que o teu corpo formou com a luz; e segui o declinar
das pálpebras que o amor me oferecia, sabendo
que a usura do silêncio corresponde ao instante
em que os olhos se prendem...

[N.Júdice]

Tudo, muito...
Unknown disse…
Este homem que pensou
com uma pedra na mão
tranformá-la num pão
tranformá-la num beijo

Este homem que parou
no meio da sua vida
e se sentiu mais leve
que a sua própria sombra

[A.Ramos Rosa]

Este homem que deseja tudo, contigo.

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