Nos meus braços
Quero que entre os meus braços caia o teu dormir como entre muralhas asiáticas. Quero, com o meu sopro, devolver a vida a quem me mostrou tal desejo. Um amanhecer, um duplo bater de coração a despertar, dando aos seus olhares aventuras que percorrem com pasmo o mundo e, no regresso, conquistas de estranhos sóis.
Mas deve o homem transmitir o culto das suas loucuras? Deve nos seus delírios arrancar do nada os segredos do passado? Aqueles seres, aquele jogo de grande sedução da nossa morte e o efémero arder da nossa carne, sombras que deslumbram, continuam a viver ocultos no interior das árvores, devolvidos à natureza em que nasceram.
Comentários
Ela disse: a tua vida foi muito importante. Eu amava-a ainda... O amor é o sangue do sol dentro do sol. Algo dentro de qualquer coisa profunda...
Ela disse: estavas certo desde o início, o amor é tudo o que existe.
Ela olhou muito para mim. Ela era o seu rosto de menina, a sua pele pura. Lembrei-me dos meus dedos sob a água limpa de uma fonte. Ela era a mulher mais bonita do mundo. Ela era a manhã sob o céu a iluminar a claridade.
Ela disse: amo-te. Ela, o seu rosto puro, diante de mim, as chamas, o fogo, disse: amo-te... Eu sorri tanto. Fui feliz...
[J.L.Peixoto]
Plena e intensamente...
Contigo.
E pus me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.
Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, - talvez que não o suspeites! -
Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.
...
Soberbo dia! Impunha-me respeito
A limpidez do teu semblante grego;
E uma família, um ninho de sossego,
Desejava beijar o teu peito.
[Cesário Verde]
E mais. Tudo mais.