Tu és
Renasci ao sentir-te. Tomei-te como língua de fogo. Quero saber se o teu pulso de febre imaginou a cadência do meu sangue. Quebráste a redoma da minha essência. Rompeste os meus muros com os teu delicioso murmurar.
Cruzas os meus abismos, derramando-te nas minhas raízes.
Comentários
No meio está uma fogueira e a eternidade das mãos.
Esta linguagem é colocada e extrema e cobre, com suas
lâmpadas, todas as coisas.
As coisas que são uma só no plural dos nomes.
- E Nós estamos dentro, subtis, e tensos...
Essa mulher cercou-me com as duas mãos.
Vou entrando no seu tempo com essa cor de sangue,
acendo-lhe as falangetas...
Seu rosto indica que vou brilhar perpetuamente.
Sou eterno, amado, análogo.
[H.H.]
Amo-te.
no abismo do coração.
Lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.
O tempo nos aproxima
cada vez mais, nos reduz
a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.
Não há tempo consumido
nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.
O meu tempo e o teu, amada,
transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.
São mitos de calendário
tanto o ontem como o agora,
e o teu aniversário
é um nascer a toda hora.
E nosso amor, que brotou
do tempo, não tem idade,
pois só quem ama escutou
o apelo da eternidade.
[C. Drummond de Andrade]
Amo-te.