Não sabem


Sandy Skoglund

Não sabem o profundo que é o imenso que é o imprevisível. Mais imprevisível que a dança de uma chama, de uma viagem. E tudo, absolutamente tudo, conta.
Os dois olhares que cruzam a metade do olho, um encontro, um estremecer de alguém atingido, sente-se o ar que nos envolve e emergimos perplexos e emergimos a falar em línguas nossas.

Assumindo o risco da presunção, digo-o: não sabem o profundo o imenso o belo que é.

Comentários

Maria disse…
estende a tua mão contra a minha boca e respira,
e sente como respiro contra ela,
e sem que eu nada diga,
sente a trémula, tocada coluna de ar...

e o prodígio oh
do ar na luz revolvidos de um espaço para o outro,
e de repente entende-se
que um corpo é só um corpo: prova improvável, ou
impossibilidade, ou
esplendor, ou
que alta tensão! e diz-se:
toca-me, e toca-se, e os dedos
despedaçam-se, e aquilo em que se toca alumia-se
até ao intacto, o intocável...

oh quero-te em volta de luz batida,
em língua máxima,
a floração devora as varas,
o ar que se empolga devora-te
uns palmos de sangue até á boca sôfrega,
e depois desmanchas-te

sou eu que te abro pela boca,
boca com boca...

[H.H. in, A Faca Não Corta o Fogo]

O meu amor é uma escolha profunda.
E belo, tudo.
Toda,
Unknown disse…
Das noites de néon que celebramos
perdura a chama
e queimam ainda meus lábios
as memórias
que não se dissolvem nos dias

Cada gesto novo
recomeça a viagem, a descoberta,
e no amplexo das tuas coxas, perdida
eu reencontro
os sons e os cheiros
num lugar qualquer de mim guardados,
antes de partir

Entre os meus e os teus olhos
estende-se a languidez cúmplice
decifrando sinais
de velhos amantes,

da tua à minha boca
a curta distancia
de um sopro vai
e tudo em nós se mistura...

em tuas mãos, o ritual do fogo se inicia
e cresce a lava do desejo
que nos arrasta
por entre sussurros e explosões

E é num mar de calmaria,
na embriaguez dos ópios naturais,
que nossos corpos
húmidos, quentes, saciados
desaguam.

[A.Santos]

Sim, é a nossa escolha.
Todo,

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