A minha vida II
É enorme esta vida. Não maior é o som da trovoada na cúpula arqueada; não mais sublime a ira da tempestade deixando desolado o caminho por onde passa.
É selvagem esta vida. Selvagem como o vento que atravessa os pinheiros e profunda como o rugir do oceano nas suas cavernas, ou na costa que as suas águas quebram.
Comentários
Bons-dias dormi todo o inverno e agora desperto
Fala...
Uma palavra veloz avança...
O dia tem a forma de um rio...
Fala
Atinge o cume dum momento de júbilo
E logo abre as asas e fala sem cessar...
Desata as amarras e passa com a torre e o jardim
Passa o futuro e o passado
Horas já vividas e por viver
Passam relâmpagos que levam no bico pedaços de tempo ainda vivos
Revoadas de cometas que se perdem em minha fronte
E escrevem o teu nome nas costas nuas do espelho!
[O.Paz]
A minha vida também é assim...
Contigo,
ardor da terra com sabor a mar,
o teu corpo perdia-se no meu.
Vontade de ser barco ou de cantar.
[E.de Andrade]
Perco-me em ti. É a minha vontade, é o que faço, o que sou.