A vida? (parte II)
Se a morte deve terminar em conflito, respondi-lhe eu, essa vida miserável não pode ser vida. Pois quem poderia aguentar a escuridão sem um amanhecer? Essa tua vida é uma morte. Pedes aos santos, cujas faces artificialmente iluminadas te asseguram da sua grace interior; se ao menos eles podessem resolver as tuas questões e satisfazer os teus ansiosos desejos. Um brilho oleoso ilumina a tua fronte, enquanto te ajoelhas dizes: "'Esta vida para me encontrar com o Senhor.” Mas a palavra que ouves foi escrita pelos homens, é a verdade de uma igreja não de uma vida divina ou eterna; é a promessa por cumprir do triunfo da vida sobre a morte, feita a troco de pecados perdoados.
Deve haver morte tal como existir o erro (não o pecado alimentado pela santa igreja), viver é a minha religião. Eu sei que esta mortal casa de barro se irá um dia dissolver e acabar por desaparecer. Digo eu, assim vivo, luto pelo que acredito, o que sinto por quem amo é a minha graça terrestre: conquisto assim a vida.
Comentários
por ti, e para ti,
Recebo gratamente como se recebe
Não a morte ou a vida, mas a descoberta
De nada haver onde um de nós não esteja
[Jorge de Sena]
Contigo.
Tudo,
Foi para ti que lhes dei perfume.
Para ti rasguei ribeiros
e dei ás romãs a cor do lume.
[Eugénio de Andrade]
Contigo.
Tudo,