Ao partir
Havia chegado o momento da separação, de o deixar enquanto ainda se importavam. Deixá-lo enquanto ainda podia olhar para ele e o achar justo. Poderiam suportar uma manhã de amargo acordar, poderia, aceitar um amor menor? Devia ir, embora o seu mundo fosse ainda de felicidade.
Foi um fogo que, se tivessem esperado, se iria extinguir deixando apenas cinzas mortas, cinzas de vergonha por tudo o vivido – cinzas acastanhadas. Terão assim a doce memória, o que deixaram, intocável, ainda intacta; beijou-o uma última vez.
Comentários
uma vez ao ombro do mar quer ser barco para sempre
e sonha com viagens na pele salgada das ondas.
Quando me abraças, pulsa nas minhas veias a convulsão
das marés e uma canção desprende-se da espiral dos búzios;
mas o meu sorriso tem o tamanho do medo de te perder,
porque o ar que respiras junto de mim é como um vento
a corrigir a rota do navio. Se partires, não me abraces
Se me abraçares, não partas.
[Maria do Rosário Pedreira]
Abraço-te, sempre.
Tudo,
Um beijo nervoso e lento...
O homem cede ao desejo
Como a nuvem cede ao vento
Vinha longe a madrugada.
[António Botto]
Abraço-te, sempre.
Contigo,