A coisa rara



Um dia escrevi o nome dela sobre a costa, mas chegaram as ondas e levaram-nos consigo: escrevi-o de novo com a outra mão, mas subiu a maré. Disse-me ela, 'ensaias em vão uma coisa mortal para a imortalizar, mas aprecio a decadência do acto, e que o meu próprio nome seja eliminado desta forma.'

'Nada disso, deixa as coisas insignificantes morrer na poeira, mas o nome dela vive em mim e assim será conhecido: com o que eu escrevo quero eternizar a sua raridade, mesmo o que é escrito no ar ou o nome que a água leva consigo, o que sentimos é um ser vivo e uma vida renovada.'

Comentários

Maria disse…
Amar é perder-se no tempo,
ser espelho entre espelhos.
É idolatria...

Ao que é temporal chamar eterno...

Amar é despenhar-se
cair infindavelmente,
o nosso par
é o nosso abismo...

amar é duplo
e sempre dois

dois é querer continuar o mesmo
e já ser outro, e outra

amar é ter olhos nas pontas dos dedos
tocar no nó em que se enlaçam
quietude e movimento

Quero-te...

A tarde foi a pique
lâmpadas e reflectores
devassam a noite

com palavras de água, chama, ar e terra
inventamos o jardim dos olhares

diante de nós
está o mundo.

[O. Paz]

E eu contigo.
Tudo,
Unknown disse…
Inflama-me, poente: faz-me perfume e chama;
que o meu coração seja igual a ti, poente!
descobre em mim o eterno, o que arde, o que ama,
...e o vento do esquecimento arraste o que é doente!

[Juan Ramón Jiménez]

E eu inflamado.
Contigo,

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