Língua



Ele pertence-lhe, como uma lingua à sua boca, e os lábios no seu crânio procuram-no. Ele veio nesta direcção e mudou para sempre a forma do éter nos seus quartos, abriu uma janela no tecto do céu. Segurou uma cascata solta na palma da mão. E enquanto ele dizia as palavras, para que ela soubesse afinal para não mais esquecer, pendurou as pedras espumantes em cada ponto do espaço. E então olhou para cima, silencioso, de sorriso a tremer, e viu o seu rosto quando ela se apercebeu que ele era, o que tinha feito.

Ela pertence-lhe como uma boca pertence à sua língua.

Comentários

Maria disse…
Conheço o sal da tua boca, o sal
da tua língua, o sal de teus mamilos,
e o da cintura se encurvando de ancas.

A todo o sal conheço que é só teu,
ou é de mim em ti, ou é de ti em mim,
um cristalino pó de amantes enlaçados.

[Jorga de Sena]

Assim mesmo.
Beijo-te,
Unknown disse…
Ver-te é como ter á minha frente todo o tempo
é tudo serem para mim estradas largas
estradas onde passa o sol poente
é o tempo parar e eu próprio duvidar mas sem pensar
se o tempo existe se existiu alguma vez
e nem mesmo meço a devastação do meu passado

[Ruy Belo]

Assim mesmo.
Abraço-te,

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