O Caminho


A chuva deixou o caminho lamacento, a terra encharcada. Foi beber daquela torneira enferrujada, que cintilava apesar do musgo e cuspia gelo liquefeito. Amou-a nesse mesmo local, em dias idos, à primeira visão do seu rosto. E agora sorri, percebeu que os sonhos que tinha estavam cheios de gralhas. Reflectiu e leu romances, depois versos de outras cidades, feitos por homens mais espertos do que ele. Mas estes homens estavam tão longe da fonte e tão distantes da pedra onde, entre folhas secas, poisavam aves sem dono.

Comentários

Maria disse…
nem a espada
nem o touro
nem o medo:
a fonte está lá e
segreda-lhe ao ouvido
que ela é eterna,
que o seu ser possui
a nascente,
a sua sede, a sua perenidade,
um busto de alabastro,
uma memória de gaio.

Gérard de Cortanze

Beijo-te,
Unknown disse…
"A todo o sal conheço que é só teu,
ou é de mim em ti, ou é de ti em mim,
um cristalino pó de amantes enlaçados."

[Jorge de Sena]

Beijo-te,
Unknown disse…
Lindo texto! Parabéns pelo Blog! Se quiser conhecer, tenho um de poesias www.deborasader.blogspot.com

Abraço.
Unknown disse…
Muito obrigado, Débora. Irei visitar o seu blog, concerteza.

Até breve,

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