Ao meu avô II


O que sonhas, no teu longo e quieto sono? Com a largura dos oceanos, para ti desconhecida, o vazio do seu desperdício de orgulhos e profundezas por mostrar? Conta-me o teu sonho. Irás esquecer que a vida te era próxima? Os passos de pequenos pés na tua direcção? A sede consolada, as coisas secas molhadas pela vastidão, a fria vastidão de um mar que nunca conheceste?

Sonha, sonha, o teu caminho é longo e termina nesse mar. No final dos sonhos estão ondas à espera.

Comentários

Maria disse…
"não poderiam os homens morrer como morrem os dias? Assim, com pássaros a cantar sem sobressaltos... a brisa leve a tremer nas folhas pequenas das árvores..." José Luís Peixoto in, Morreste-me

Abraço-te forte,
Unknown disse…
"A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça."

[Sophia de Mello Breyner]

Abarço-te lentamente,

Mensagens populares deste blogue

Os realizadores - parte I

Dois