Ao meu avô II
O que sonhas, no teu longo e quieto sono? Com a largura dos oceanos, para ti desconhecida, o vazio do seu desperdício de orgulhos e profundezas por mostrar? Conta-me o teu sonho. Irás esquecer que a vida te era próxima? Os passos de pequenos pés na tua direcção? A sede consolada, as coisas secas molhadas pela vastidão, a fria vastidão de um mar que nunca conheceste?
Sonha, sonha, o teu caminho é longo e termina nesse mar. No final dos sonhos estão ondas à espera.
Comentários
Abraço-te forte,
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça."
[Sophia de Mello Breyner]
Abarço-te lentamente,