Em consciente natureza


Quem lhes vai contar do arrebatamento que acorda alguns homens? Que lhes irá explicar pacientemente, eles a prestar atenção, e responder de novo?

Renova-se o olhar líquido do céu, enquanto o homem passa. Entre o seu arrebatamento nenhum impulso será apressado. Nunca é uma língua comum, nunca uma palavra comum. Com a destilação pura do sentir no teu copo, onde o derramas?

Apenas um momento, em todo o tempo embriagado de mudança, para nos retirar o carácter de estranho. É esta a dor e este o prazer – o agridoce que o homem drena: a consciente natureza em que permanece.

Comentários

Maria disse…
Se há balança, nenhum prato pesa mais que o outro.
Se há justiça, ei-la aqui.

Morrer apenas o estritamente necessário, sem ultrapassar a medida.
Renascer o tanto preciso a partir do resto que se preservou.

Nós também sabemos nos dividir, é verdade.
Mas apenas em corpo e sussurros partidos.
Em corpo e poesia.

Aqui a garganta, do outro lado, o riso,
leve, logo abafado.

Aqui o coração pesado, ali o Não Morrer Demais,
três pequenas palavras que são as três plumas de um vôo.

O abismo não nos divide.
O abismo nos cerca.

WISLAWA SZYMBORSKA

Assim, contigo.
Beijo-te,
Unknown disse…
"Com a sua pele de poço,pele
comprometida com o medo que no fundo fede e a que,digamos,toda
ela adere de uma forma resoluta,dir-se-ia que se
engancha,se pendura,o branco da memória a alastrar pelo
corpo,um branco tão branco como o das noites em branco e
sobre o qual a idade,exorbitada,hiante,se
insinua,pensos,ligaduras,impregnados de memória,uma memória onde fulgura a lava
dos
sentidos que entram em actividade e lhe disputam os dias
idos,assim ergue a balança,onde sustém o abismo."

[L.M.Nava]

Beijo-te,

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