Mas isso é outro dia


Não conseguia dormir. Pôs os óculos para ver melhor a escuridão. Nada, mas um nada nítido; uma ausência focada. Começou a questionar a contradicção: como pode a escuridão existir e ser nada? Não podia ser. A verdade é que, ao contrário do que lhe haviam dito, a escuridão não se era a ausência de luz mas sim o local onde se encontrava.

Resolvido o engano, adormeceu. Questionava agora o sonho e, mais tarde, a realidade.

Comentários

Maria disse…
«A poesia é o silêncio de um nome. Os caminhos a que ela nos conduz são tão próximos como a intimidade de qualquer linguagem. Mas não é em nós que essa linguagem existe. Há nela uma realidade própria que vem recusar a presença de quem é capaz de a pronunciar, porque só deste modo estaria ao nosso alcance revelá-la aos outros. E a essa realidade, que há-de ficar por fim repartida, se poderá chamar silêncio, para que a ninguém pertença.» Fernando Guimarães


Beijo-te,
Unknown disse…
A única coisa que não sabes é morrer nem acreditar na morte, nem aceitar que és tu mesmo o teu interior quente, a tua língua vermelha, as tuas lágrimas e essa poesia que se escapa entre os teus lábios.

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