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A mostrar mensagens de dezembro, 2012

Passada a ilusão

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Esse êxtase ilusório em que vivias, vão, inútil. Apesar de toda a tua razão, todas as palavras eram censuradas, eras um prisioneiro da tua vontade; e ontem à noite conseguiste ouvir-te. Despertas de um sono que a inércia e a fraqueza prolongavam, deixas o sangue correr livremente e aumentar o batimento cardíaco. 

Amour

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Como é que eu vou trabalhar depois de teres partido? A quem vou telefonar e falar durante a noite silenciosa? És a minha vida, a minha tapeçaria de carne, sangue, osso, suor, pele, músculo. Onde viverei depois de teres partido? O tempo irá passar-me por entre as mãos. Como irei comer sem o meu dia no teu prato? És o único lugar onde vivo. 

Inércia

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O mundo envelhece, já tudo foi dito; os olhos não mais sorriem. Outrora amantes, quando o sentir era novo. O mundo envelhece e todas as lágrimas foram derramadas; ele esqueceu-se de chorar e agora já não faz sentido. A alegria mortal ou a tristeza imortal apenas lhe trazem um breve e aparente êxtase. Já não sente prazer, nem dor. O que faz aqui, quando tudo desapareceu? Nenhum amanhecer lhe irá trazer qualquer felicidade, nada de novo: o sentir dissolve-se, o sonhador acorda, a ilusão é breve.

E amanhã

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Foi-se o sentir e deixou-me todos os dias iguais; tinha que comer e precisava de dormir, diziam-lhe. Mas ficava acordado a ouvir o passar de horas lentas até ao próximo dia. Foi-se o sentir e ficou sem saber o que fazer; isto ou aquilo ou o que quisessem era igual para ele. Saía antes de terminar em tudo o que começava – em nada via utilidade. Foi-se o sentir – os vizinhos batiam-lhe à porta, e a vida continuava como o roer de uma térmita – e amanhã e amanhã e amanhã e amanhã. Há este homem e continua em casa .

Assim como tu

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Gingko Biloba (Foto: Maria João Torgal) As trajectórias que se dispersam no céu, a sombra que se arrasta, mas não é de noite aqui. As árvores adormeceram, alguém passa e parece chamá-lo. Não se ouviria no ar em que os pássaros se escondem e os nomes se apagam no tempo.  E ele, apenas ele, fica de braços levantados à espera de algo, não se sabe o quê.