Entre corpos
Bernardo Martins, 2014 Os dias passam lentos. Um destino conduzido pelas horas. Chegaram as noites. Nelas, acendíamos palavras, as palavras que logo abandonamos às que se seguem. Agora sim. Podem descolar palavras que flutuam ligeiramente sobre o corpo. Agora em silêncio. Quero dizer-te algo. Apenas quero dizer-te que estou contigo. E digo-te, de mão sobre o teu braço, entre corpos. Quero dizer-te que todos nós trazemos as vidas connosco, aqui, para contá-las. Um ao outro, falamos, sabemo-nos bem e, na recordação, a alegria iguala a tristeza. Para nós, é terna a dor. O tempo. Tudo nele se compreende.