Abismos

Bernardo Martins, 2014
Os abismos atraem. Inclinado sobre ti, sondo os teus pensamentos. Desejos que se removem no fundo, ondulantes no seu leito. De que me alimento? Vejo o abismo e vejo-te no profundo ser. Uma revelação. Nada que se pareça com o despertar brusco da consciência. Nada a não ser o olho que me devolve a descoberta vista. E vejo-me. Por vezes, a vertigem desvia-me os olhos de ti. Mas regresso sempre a eles. Atraído pelo abismo, vivo a certeza de que não vou a cair nunca.

Comentários

Maria disse…
e
'dos olhos em abismo fluía a terna luz'

Anna Akhmatova

Beijo-te,
Unknown disse…
Eu, a desejar cem anos olhos nos olhos teus, duzentos a sentir-te; talvez trinta mil para tudo quanto resta.

Beijo-te,

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