Tempo IV



Os dias passam lentos. Um destino conduzido pelas horas. Chegaram as noites. Nelas, acendíamos palavras, as palavras que logo abandonamos às que se seguem. Agora sim. Podem descolar palavras que flutuam ligeiramente sobre o corpo.

Agora em silêncio. Quero dizer-te algo. Apenas quero dizer-te que estou contigo. E digo-te, de mão sobre o teu braço, entre corpos. Quero dizer-te que todos nós trazemos as vidas connosco, aqui, para contá-las. Um ao outro, falamos, sabemo-nos bem e, na recordação, a alegria iguala a tristeza. Para nós, é terna a dor.

O tempo. Tudo nele se compreende.

Comentários

Anónimo disse…
Como podemos esperar.
Aguardar o que nossas mãos possam reter.
Uma palavra. O olhar cúmplice.

O prazer de sentir chegar as coisas
o riso sob a chuva
o frio que faz. Aqui,
como podemos esperar uma noite de lua e vento?

J.Jorge

Apesar de todos os adiamentos, paragens e hesitações, o tempo oferece-nos todas as possibilidades de alcançar a Nossa plenitude.

Abraço-te, como sempre.
Anónimo disse…
Mas, e ao mesmo tempo, é preciso nunca esquecer que,

"Cada dia te é dado uma só vez

Vai sempre mais à frente
Do que o teu próprio passo"

Sophia M.B.

Contigo, a caminhar.
Unknown disse…
Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.

O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.

Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.

(Sophia M.B.)

Contigo, a caminhar.

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