Ele parece contente
Sinto que vou vomitar um coelhito. Ponho dois dedos na boca como uma pinça aberta, e espero sentir na garganta a tíbia peluda que sobe como a efervescência de sal de frutas. Rápido e higiénico, um breve instante. Tiro os dedos da boca e neles trago pelas orelhas um coelhito branco. Ele parece contente, é um coelhito normal e perfeito, apenas muito pequeno, como um de chocolate mas branco e um coelhito de verdade. Coloco-o na palma da mão, levanto-lhe a pelugem com os dedos, ele parece satisfeito de ter nascido. Ponho-o na mesa. Levanta as orelhas, eu sei que posso deixá-lo e seguir, continuar por um tempo uma vida igual à de tantos que compram os seus coelhos na praça.
Comentários
prendia-o com garra e dentes:
é a coisa mais bela em que penso.
É tão doce à noite o sabor da sua carne quente.
[H.Hesse]
Porque me apetece.
Tudo,
Tudo,