Onde me (e)levo
Cada vez que me sinto extraviado, confuso, penso em árvores, recordo o seu modo de crescer. Raízes e copa com a mesma medida, hei-de estar nas coisas e sobre elas. E logo, quando se abram caminhos e não saiba qual seguir, não sigo um qualquer ao azar: sento-me e aguardo. Respiro com a profundidade que respirei no dia em que nasci, sem permitir que nada me distraia: aguardo e aguardo mais ainda. Fico quieto, em silêncio, e escuto-me. E quando me ouço, levanto-me e vejo onde me levo.
Comentários
voltava eu com as nuvens
que entravam sob roseiras
(grande ternura redonda)
entre troncos constantes
Detive-me com uma árvore
e ouvi falar as árvores
Demorei-me até à estrela.
Em voo de luz suave
fui indo até à margem
com a Lua já no espaço.
Quando ia a sair
vi as árvores fitar-me
De tudo davam conta,
dava pena deixá-las.
Como dizer-lhe não,
que estava de passagem...
E muito tarde, ontem à tarde,
ouvi-me a falar às árvores.
[Juan Ramón Jiménez]
Ontem à tarde...
Tudo,
Andava a luz
Do teu olhar,
Que me seduz
A divagar
Em torno a mim.
E então pedi-te,
Não que me olhasses,
Mas que afastasses,
Um poucochinho,
Do meu caminho,
Um tal fulgor
De medo, amor,
Que me cegasse,
Me deslumbrasse,
Fulgor assim.
[Ângelo de Lima]
Tudo,
a caminhar por este mundo.
Aprender a olhar.
O Teu Olhar É Semeador.
Plantou uma árvore.
E eu falo,
porque Tu lhe moves as folhas.
O.Paz in, Árvore Adentro
Ainda ontem à tarde...
Contigo,
Gostava de vos dizer que neste momento vos penso como uma árvore: Maria é a raiz, Damien é a copa e o tronco é esse vosso imprescindível quão irrefutável amor. beijo repenicado, abraço sentido.
E o modo como reparava nas ruas,
E a maneira como dava pelas coisas,
É o de quem olha para árvores,
E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando
E anda a reparar nas flores que há pelos campos...
[Alberto Caeiro]
A copa agradece; e cresce um pouco mais com palavras e abraços assim, sentidos. O que ela gosta de beijos repenicados é uma coisa que não tem explicação, estremece até assustar os pássaros.
Beijos repenicados para ti, amiga Io.
Ainda bem que não é preciso dar nenhuma explicação (estremeço só de pensar que teria de o fazer) e tenho a certeza que os pássaros não se assustam com tantos beijos e abraços. Cantam, celebram o amanhecer, aquele amanhecer...
Beijos e abraços, muitos.
Beijos e abraços, muitos.