Ali, no fundo
Ali no fundo, todas as palavras que dissemos e das quais já não guardamos recordações, dormem sob as águas. Dormem aquelas que não soubemos dizer e esperam pela sua vez. As cartas que rasgámos, as não recebidas e as vezes que dissemos adeus. A pena que sentimos e que agora, ao recordá-la, nos parece pequena. O riso que não chegou a ser. A amizade que procurámos num momento difícil e que foi ainda mais débil que nós próprios. Quem quisemos consolar e nos serviu de consolo... Tudo dorme ali, no fundo.
Comentários
e a noite é enorme.
Para cima olho, porém:
escrevem estrelas.
Sem entender, compreendo:
escrita também sou,
e neste mesmo instante
alguém me soletra.
[O.Paz]
Con ti go.
E em cres cen do, tu do, tu do e tu do.
para dividir contigo esta amargura
dos meus dias partidos um a um
[Eugénio de Andrade]
Con ti go, tu do.