Parágrafo



O aroma de cabelos muito finos, um perfume de fim de tarde, um sorriso, o ruído de pés descalços sobre as tábuas de madeira. Vem ela de repente misturar com a brisa primaveril, cabelos soltos, um perfume de cabelos finos, o ruído dos pés descalços. E eu, amador, acaricio num parágrafo os seus cabelos soltos, o perfume distante de fim de tarde.

Comentários

Maria disse…
Falo...

... - estamos adormecidos, ou despertos? - estamos, estamos, e nada mais, estamos, Amanhece, é cedo,

falo de madrugadas como Voos de garças na laguna e do sol de Asas transparentes que pousa nas folhagens...

falo de alguns poentes no começo do Outono, cascatas de ouro incorpóreo, transfiração deste mundo...

a Luz pensa e cada um de Nós se sente pensado por essa reflexiva luz; durante um longo instante, o tempo dissipa-se, Somos ar outra vez,

falo do Verão e da Noite pausada que cresce no horizonte... e cai sobre Nós feito onda,

reconciliação dos elementos, a noite estendeu-se, e o seu Corpo é um rio poderoso... movemo-nos no marulhar da sua respiração, a hora é palpável, podemos tocá-la como um fruto,

acenderam as luzes, ardem avenidas como o fulgor do desejo... e cai sobre Nós um chuvisco verde e fosforescente que Nos ilumina sem Nos molhar, as árvores murmuram, algo Nos dizem,

há ruas na penumbra que são uma insinuação sorridente...

falo das nuvens nómadas e de uma Música suave que ilumina um quarto... e de um rumor de risos a meio da noite, como água remota que flui entre ervas e raízes,

falo do inesperado (re)encontro com essa inesperada forma...
Olhos que são a Noite que se entreabre e o Dia que desperta; o mar que se alonga e a Chama que fala, corações valentes...

Lábios que dizem... e o tempo abre-se, e o pequeno quarto volve-se jardim de metamorfoses, e Ar e Fogo Abraçam-se, Terra e Água confundem-se,

falo da Nossa história pública e da Nossa história secreta, a Tua e a Minha.

[O. Paz]

Tudo, tudo e tudo.
Contigo,
Unknown disse…
Ver-te é como ter á minha frente todo o tempo
é tudo serem para mim estradas largas
estradas onde passa o sol poente
é o tempo parar e eu próprio duvidar mas sem pensar
se o tempo existe se existiu alguma vez
e nem mesmo meço a devastação do meu passado

[Ruy Belo]

E tudo.
Contigo,

Mensagens populares deste blogue

Os realizadores - parte I

Dois