Lenta velocidade



Já me conheces tão bem, conheces a solvência de minha tristeza. Sabes da semente que habita a minha cabeça. Já bebeste a minha embriaguez, levaste para tua casa a minha vida encontrada, onde terminou o abismo nocturno de passos e de vozes.

Esta forma lenta de amar, mais que esperada, recebo-a como um amanhecer. Caí, beijando-te, contagiado bani o meu naufrágio e deixei-me arrastar pela velocidade do mundo.

Comentários

Maria disse…
Um corpo em formação dilata-se... Na velocidade lenta que se espraia, corola imensa, felicidade que grita. Impaciência ou paciência, a vigilância infinita do poema.

Ritmo, crescimento, inundação.

O mundo acendeu-se com as suas árvores... Tudo é fácil, tudo é fluido. Suavemente, na nudez intacta, o corpo escreve...

o corpo incendiado...

É apenas um lábio ou uma boca que crepita na sombra? Os ombros respiram como barcos, as palavras enrolam-se como folhas calmas no corpo que se abandona à terra numa ardente lucidez.

[A.Ramos Rosa]

As Nossas vozes, murmúrios e sombras Na Casa.
Contigo, assim.
Tudo,
Unknown disse…
O amor cerra os olhos, não para ver mas para absorver: a obscura transparência, a espessura das sombras ligeiras, a ondulação ardente: a alegria. Um cavalo corre na lenta velocidade das artérias. O amor conhece-se sobre a terra coroada:animal das águas, animal do fogo, animal do ar:a matéria é só uma, terrestre e divina.

[A.Ramos Rosa]

Fecho os olhos e, ao fecha-los, lá estás tu.
Contigo,

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