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A mostrar mensagens de agosto, 2009

Um pedaço

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Desperta-me a esperança, a obscuridade do naufrágio escapa-se como um gato pela janela e alguém regressa. Alguém regressa sem pressa, com um pequeno pedaço de eternidade entre as mãos.

Férias

Estarei ausente, este mês. Curiosa inflexão, esta de estar e ausentar em simultâneo...

Da janela

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A farsa diária desaparece. Por detrás, uma mão acende e apaga à vontade a sua própria luz. Do outro lado da janela alguém resolveu o enigma: para entrar na vida basta uma porta. Nada que a luz não atravesse e oculte, nada que não seja a antiga inexactidão que bate asas e incendeia corpos.

E tu

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As sombras, o alento, a vida, logo a luz que de repente entra e tu com ela. Os cegos podem com o tacto comprovar o amado, o meu corpo é todo tacto na tua presença.

Aqui, exactamente aqui

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É absolutamente necessário que eu saiba quem sou. O que mais devemos respeitar é o privilégio de ter nascido aqui e não noutra coordenada do mundo. Não é curioso que o mundo tenha biliões de habitantes e que aqui onde não há uma dúzia de milhões, eu seja precisamente um deles. E entre os daqui ser quem está na tua vida e tu na minha. Dois, um perfeito um entre biliões.

Carne trémula

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Fixei os teus olhos, como um sedento fixa a água, mordi os teus lábios como um réptil a flor. Voltei a morder-te; e um prazer doce, sem dor, desfazia-se em ânsias de vida, numa felicidade frenética. O tremer de uma beleza embriagada de desejo, e minha foi a tua carne luminosa. Depois, sobre o meu peito, adormeceste tranquila como uma menina.

Os realizadores - parte II

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Eram felizes no seu mundo de açúcar e de vento. De todas as partes vinham impregnar-se dos seus claros olhares e saíam, carregando sonhos. Pelo contrário, os cientistas desenhariam pontes, jardins, jogos surpreendentes para tornar mais agradável a felicidade do homem. São perigosos – imprimiam as grandes rotativas. São perigosos – diziam os presidentes nos seus discursos. Há que destruí-los. Os realizadores de sonhos conheciam o seu poder, por isso não estranhavam; também sabiam que a vida os tinha habilitado a proteger-se de mortes anunciadas. Por isso cultivavam jardins de sonhos e exportavam-nos em correio especial. Os profetas da obscuridade passavam noites e dias inteiros a vigiar paisagens e caminhos à procura destes perigosos carregamentos que nunca conseguiam interceptar; a estes pacotes, apesar de grandes, apenas esta nova raça consegue ver; a semente dos sonhos não se pode detectar. Nós sabemos apenas que os vimos nascer e ascender ao real, sabemos que a vida nos habilitou a ...