Que o homem é a mais nobre das criaturas, pode inferir-se de nenhuma outra ter contestado tal afirmação.
De amor
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Vivo de ti, de amor por ti, da minha urgência pela tua pele, do meu sentir e da tua boca e do insuportável que sou sem ti. Vivo de ti e de mim, vivo de ambos, de nós.
Seu corpo arderá mansamente sob os meus olhos palpitantes
Seu corpo arderá para mim sobre um lençol mordido por flores com água.
Nem sempre me incendeiam o acordar das ervas...
- Porém, tu sempre me incendeias.
Entontece meu hálito com a sombra, tua boca penetra a minha voz como a espada se perde no arco.
- invento para ti a música, a loucura e o mar.
Toco o peso da tua vida: a carne que fulge, o sorriso, a inspiração.
Vou para ti com a beleza oculta, o corpo iluminado pelas luzes longas.
Digo: eu sou a beleza, seu rosto e seu durar. Teus olhos transfiguram-se, tuas mãos descobrem a sombra da minha face. Agarro tua cabeça
- e digo: ouves, meu amor?, eu sou aquilo que se espera para as coisas, para o tempo - eu sou a beleza.
Inteira, tua vida o deseja. Para mim se erguem teus olhos de longe.
Então sento-me à tua mesa. Porque é de ti que me vem o fogo.
E em ti principiam o mar e o mundo.
- e tudo circula entre teu sopro e teu amor. As coisas nascem de ti como as luas nascem dos campos fecundos, os instantes começam da tua oferenda como as guitarras tiram seu início da música nocturna.
Com minha face cheia de teu espanto e beleza, eu sei quanto és o íntimo pudor e a água inicial de outros sentidos.
És tu que me aceitas em teu sorriso, que ouves, que te alimentas de desejos puros.
- beijarei tuas mãos fecundas, e à madrugada darei minha voz confundida com a tua.
Estás profundamente na pedra e a pedra em mim,
Beijar teus olhos será morrer pela esperança.
- Eu devo rasgar minha face para que a tua face se encha de um minuto sobrenatural, devo murmurar cada coisa do mundo até que sejas o incêndio da minha voz.
Por isso é que estamos morrendo na boca um do outro. Por isso é que nos desfazemos no arco do verão, no pensamento da brisa, no sorriso, no peixe,
- descubro tuas mãos, ergue-se tua boca ao círculo de meu ardente pensamento.
Onde está o mar? Aves bêbedas e puras que voam sobre o teu sorriso imenso.
Beijarei em ti a vida enorme, e em cada espasmo eu morrerei contigo.
Lisboa, 2015 (Fernando M.) Os comboios, como se parecem com a vida! Faltavam duas horas. Duas horas mais tarde, à chegada, saberíamos a sorte que nos esperava a todos. Duas horas.
Desde pequenos estavam marcados pelo amor. Por detrás da sua aparência quotidiana guardavam a ternura e o sol de meia-noite. As mães encontravam-nos a chorar por um pássaro morto. Estes seres viveram no mundo dos realizadores de sonhos, atacados ferozmente pelos portadores de profecias de catástrofes. Chamaram-lhes iludidos, românticos, pensadores de utopias. Os realizadores de sonhos faziam amor todas as noites. Desta forma recomeçou o mundo a sua vida.
F.J. Torgal Dois silêncios em separado que, reunidos, encontram a voz; dois olhares que juntos sorriem, agora perdidos como estrelas por detrás de árvores sombrias; duas mãos distantes em que toque se anseia; dois peitos de mútua chama, feitos o mesmo; dois, o mesmo mar.
Comentários
Seu corpo arderá para mim
sobre um lençol mordido por flores com água.
Nem sempre me incendeiam o acordar das ervas...
- Porém, tu sempre me incendeias.
Entontece meu hálito com a sombra,
tua boca penetra a minha voz como a espada
se perde no arco.
- invento para ti a música, a loucura
e o mar.
Toco o peso da tua vida: a carne que fulge, o sorriso,
a inspiração.
Vou para ti com a beleza oculta,
o corpo iluminado pelas luzes longas.
Digo: eu sou a beleza, seu rosto e seu durar. Teus olhos
transfiguram-se, tuas mãos descobrem
a sombra da minha face. Agarro tua cabeça
- e digo: ouves, meu amor?, eu sou
aquilo que se espera para as coisas, para o tempo -
eu sou a beleza.
Inteira, tua vida o deseja. Para mim se erguem
teus olhos de longe.
Então sento-me à tua mesa. Porque é de ti
que me vem o fogo.
E em ti
principiam o mar e o mundo.
- e tudo circula entre teu sopro
e teu amor. As coisas nascem de ti
como as luas nascem dos campos fecundos,
os instantes começam da tua oferenda
como as guitarras tiram seu início da música nocturna.
Com minha face cheia de teu espanto e beleza,
eu sei quanto és o íntimo pudor
e a água inicial de outros sentidos.
És tu que me aceitas em teu sorriso, que ouves,
que te alimentas de desejos puros.
- beijarei tuas mãos fecundas, e à madrugada
darei minha voz confundida com a tua.
Estás profundamente na pedra e a pedra em mim,
Beijar teus olhos será morrer pela esperança.
- Eu devo rasgar minha face para que a tua face
se encha de um minuto sobrenatural,
devo murmurar cada coisa do mundo
até que sejas o incêndio da minha voz.
Por isso é que estamos morrendo na boca
um do outro. Por isso é que
nos desfazemos no arco do verão, no pensamento
da brisa, no sorriso, no peixe,
- descubro tuas mãos, ergue-se tua boca
ao círculo de meu ardente pensamento.
Onde está o mar? Aves bêbedas e puras que voam
sobre o teu sorriso imenso.
Beijarei em ti a vida enorme, e em cada espasmo
eu morrerei contigo.
[H.H.]
Imenso, tudo.
Em ti, toda.
– noites-lagoas, como éreis belas
– sob terraços-lis de recordar-me!...
Idade acorde de inter-sonho e Lua
Onde as horas corriam sempre jade,
Onde a neblina era uma saudade,
E a luz – anseios de Princesa nua ...
Balaústres de som, arcos de amar,
Pontes de brilho, ogivas de perfume...
[Mário de Sá Carneiro]
Em ti, todo, imenso, imerso.