Um artísta português II



A sua vida selvagem, apaixonada, de chamas, foi gasta – o seu sonho de fama; entra as paredes da arte gloriosa o seu nome nunca constou. Um pensamento diluído de cenas caseiras varre-lhe a mente fraca – cenas familiares; ele curva a cabeça, chora.
“Deixem-me respirar o meu ar nativo uma vez mais antes de morrer! Deixem-me trilhar as minhas montanhas e ficar sob a sombra dos pinheiros!"

Tiraram-no do calor da cidade, do seu ofuscamento doloroso, para junto de um rio sossegado de ar fresco e perfumado. As parras em redor da porta, trepadeiras e a voz grave da água crescem ao entardecer.
Ao longo da noite mistura-se suavemente com os seus sonhos, estremecem os ramos das laranjeiras lá fora.

Comentários

Maria disse…
Porque o fim de um caminho sempre me entregou
o limiar de outro caminho
o verde de um campo ou de um corpo
espero que regresse à minha voz
a luz que no primeiro dia a fecundou
e a terra que é o contorno dessa luz.

Porque espero ver crescer minhas mãos dessa terra
e de minhas mãos a água necessária à minha sede,
ergo de mim a noite residual do que vivi
e canto,
canto provocando a madrugada.

Porque, harmonizando-se no sangue o fogo e a água,
eu sou fogo e a água

[José Bento]

Contigo,
Unknown disse…
O amor não se mede
pela liberdade de se expor nas praças
e bares, em empecilho.
É claro que isto é bom e, às vezes,
sublime.
Mas se ama também de outra forma, incerta,
e este o mistério:

- ilimitado o amor às vezes se limita,
proibido é que o amor às vezes se liberta.

[A.R.de Sant'anna]

É este o meu caminho, és tu.
Liberto,

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