Tempus fugit II



Vemos as nuvens de verão chegar e partir, e o verde sedento. Ela sorri, mas os seus lábios estão dormentes – e passam os dias.
O que somos? Respiramos, sentimos, deixamos cedo demais as nossas pequenas órbitas e caímos: crianças de um destino cansado e todos somos estranhos sem-abrigo com desejos de tranquilidade – e passam os dias.

Peço apenas uma experiência profunda para beber e, no agridoce cocktail dos anos passados, encontrar o amor derramado com todos as suas lágrimas e sorrisos – enquanto os dias passam.

Comentários

Maria disse…
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida.

Tudo o que há dentro de mim tende a voltar a ser tudo.

Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio
De estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma.
Ruge, estoira, vence, quebra, estrondeia, sacode,
Freme, treme, espuma, venta, viola, explode,
Perde-te, transcende-te, circunda-te, vive-te, rompe e foge,
Sê com todo o meu corpo todo o universo e a vida,
Arde com todo o meu ser todos os lumes e luzes,
Risca com toda a minha alma todos os relâmpagos e fogos,
Sobrevive-me em minha vida em todas as direcções!

[Álvaro de Campos]

Tua, também assim.
Contigo.
Unknown disse…
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

[David Mourão-Ferreira]

E por vezes encontramos alguém assim... sabes?

Mensagens populares deste blogue

Os realizadores - parte I

Dois