Que o homem é a mais nobre das criaturas, pode inferir-se de nenhuma outra ter contestado tal afirmação.
Algures II
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Os amantes, em quem a vida e o sol que chegam misturam a respiração, são atraídos pelo mesmo propósito – assim sou eu em ti. Algures por detrás de um deserto rebola o oceano do que somos – onde chegamos.
Os que se amam, como sonâmbulos dotados de uma segunda vista, caminham, passam um pelo outro, separam-se e voltam a juntar-se. Não se procuram um ao outro: encontram-se.
Aquele que diga a primeira palavra deixará cair o primeiro vaso, aquele que golpeie o seu assombro com violência verá aparecer o fogo nos seus cabelos, aquele que ria em voz alta será o primeiro a guardar silêncio, aquele que desperte antes de tempo surpreenderá o seu corpo entre as árvores; e o mar, como algo interrompido, volta a ouvir-se ao longe e na sua respiração escutamos outra vez o ruído daquela porta que bate empurrada pelo vento.
Chega a hora maravilhosa, quando a natureza desperta do sonho e um novo mundo quebra a face terrestre. As estrelas empalidecem no céu sombrio e sobre as montanhas rastejam as névoas de um mundo em vigília. Pássaros inquietos nas copas das árvores estremecem as suas asas. O amanhecer chega rápido. Dispersam-se agora as névoas da face montanhosa e morrem em azul celeste; passa a madrugada, apresenta-se aqui o dia.
Comentários
[O. Paz]
Assim mesmo. Eu sou contigo.
Tudo,
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
[A.O'Neill]
As palavras que nos beijam.