E eu espero
Ouço os seus passos na relva, o seu riso no vento nocturno – e eu espero para vê-la passar. Vejo nos seus olhos o cintilar do orvalho, suave, a sua forma de nuvem à deriva – e eu espero pelo seu toque.
Sinto o seu pulso no fluxo do rio, na chuva do verão que escorre e escorre, o seu respirar no vento perfumado – e eu espero pelo sabor dos lábios da Maria.
Comentários
deleitam-se os prazeres do verdadeiro amor nu
e o doce ranger da cama que baloiça
durante a noite prefiro ter as mãos em outros lados,
e se eu só aprender metade, terei o dobro do prazer.
e não aprendo eu quando contemplo as deliciosas formas
do peito, quando a mão desliza pelas ancas?
não nos beijamos apenas, também temos conversas sérias,
e quando dorme a minha querida, ao seu lado, penso em muitas coisas.
muitas vezes compus versos nos seus braços
e nas suas costas, dedilhando, contei eu
suavemente o hexâmetro, e quando a bela dormita
o seus sopro incendeia profundamente o meu peito.
então o amor acende a lâmpada...
[Goethe]
Beijo-te,
é tudo serem para mim estradas largas
estradas onde passa o sol poente
é o tempo parar e eu próprio duvidar mas sem pensar
se o tempo existe se existiu alguma vez
e nem mesmo meço a devastação do meu passado
[Ruy Belo]
Vejo-te,