O homem-vazio II



Não devia pensar nela; e, cansado mas ainda com forças, evitava o amor que se encondia em todo o prazer – o amor dela –, na altura do céu e na passagem de uma música.

Um pouco além do pensamento que invadia o peito, o pensamento dela aguarda escondido; mas sem nunca ser visto. Deve parar de pensar nela o dia inteiro. Espera que o sono chegue para encerrar cada dia difícil, quando a noite dá uma pausa ao relógio, todos os laços criados se devem perder com o primeiro sonho do primeiro sono.

Corre,corre, para que ninguém o reúna.

Comentários

Maria disse…
Eu cantei este amor sem que soubesses.
Falei de ti com as palavras mais limpas,
viajei (sem que soubesses) no teu interior.
Fiz-me degrau para pisares, mesa para comeres,
tropeçavas em mim e eu era uma sombra
ali posta para não reparares em mim.

Andei pelas praças anunciando o teu nome,
chamei-te barco, flor, incêndio, madrugada.
Em tudo o mais usei de parcimónia
a que me forçava aquele ardor exclusivo.

Hoje os versos são para entenderes.
Reparto contigo um óleo inesgotável
que trouxe escondido aceso na minha lâmpada
brilhando (sem que soubesses) por tudo o que fazias.

Fernando Assis Pacheco

Em quem pensar senão em ti...
Beijo-te,
Unknown disse…
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!

[Florbela Espanca]

És.

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