Silêncio III
Nenhuma palavra foi dita mas de lá veio, através dos silenciosos pensamentos, cobrindo a falha de significado. Através da tranquilidade alongada, como a noite com todos os seus contornos prateados.
Perto dos seus pés, caminhos rochosos abaixo, a luz dançava sobre a água. Uma tensão estranha, agora uma medida selvagem, a canção do mar, o refrão aquático, misturando dor com prazer.
Comentários
rompem o tempo, e me fixam com
a sua exactidão de nuvem. As palavras
despem-na de adjectivos, restituindo-a
a uma pura essência de beleza. O corpo
ergue-se de uma ruína de sentimentos; a boca
hesita num silêncio que demora, como se
não tivesse resposta. O busto oferece
o seu desenho a um artesanato de sombra. Uma lua
estremece sob os seus passos, e a noite
segue-a, num frémito de serpente. Numa paisagem
de astros, completo a constelação
dos seus seios
Nuno Júdice
Assim, contigo.
Tudo,
Contigo
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.
[José Régio]
E assim.
Contigo,