O suicida II



Onde correu um rio na sua força de inverno, entre uma vastidão de pedras com o musgo posto pela idade. No alto, sob um carvalho envelhecido que parecia curvar-se em absoluta solidão, um ser de pé como parte da tempestade que uivava em torno dele num tom familiar.

O seu rosto pálido como um busto monumental, na escuridão oca do seu olhar deliciado com o furacão, parecia orgulhoso pelo seu desespero; a loucura conduzia um qualquer demónio no seu cérebro entorpecido, quando um relampago saltou entre nuvens esfarrapadas.

Gritou na negra solidão nocturna, ecoou um selvagem "adeus!" a alguém que ainda estava condenado a amar.

Comentários

Maria disse…
"Bebo para me obrigar a pensar melhor, para ir ao âmago do que leio, porque o que leio, leio não por diversão, ou para matar o tempo, ou para adormecer; eu, que vivo numa terra que sabe ler e escrever há quinze geracões, bebo para que a leitura me impeça de cair num sono eterno, me cause delirium tremens, porque compartilho com Hegel o ponto de vista de que um homem de coração nobre ainda não é um nobre, nem um criminoso é um assassino.

Se eu soubesse escrever, escreveria um livro sobre as maiores alegrias e tristezas do homem."

Bohumil Hrabal in, Uma solidão ruidosa

Beijo-te,
Unknown disse…
É na escura folhagem do sono
que brilha
a pele molhada,
a difícil floração da língua.

[Eugénio de Andrade]

Beijo-te,

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