A distância entre pontos de fuga
Os teus olhos verão a luz de céus distantes: irás suportar o peso da imagem viva - a tua terra nativa- tal como a pintas em gloriosa falsidade; cursos de água solitários, rochas solenes, aves de rapina em círculos perfeitos.
A traça humana em todo o lugar, caminhos, casas, túmulos, ruinas, do vale mais profundo até onde a vida se encolhe ao respirar rarefeito. Olhas tudo isto, até que as lágrimas te turvem a visão, e tentas manter o antes. A falsidade do brilho, da imagem tratada e composta, continua a desaparecer.
Comentários
dizendo, quando muito:
morro, é certo, mas mesmo assim
guardo uma elegante distância em relação
à minha morte.
Eis. Bloom, em traços largos,
a apresentação da velha ironia
que por vezes utilizaremos para evitar
rir às gargalhadas, ou chorar.
Gonçalo M. Tavares, in Uma Viagem à Índia
Beijo-te,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali..."
[José Régio]
Beijo-te,