Entre arbustos

Paul Kohl, Japan
Olhando a cidade, escuto o ruído com toda a atenção, cada lamento cada grito cada rumor, olho para além das luzes, paro onde tremem as sombras, desprende-se um hálito do céu, inclino-me sobre o abismo, procuro entre os arbustos com calma, olhos nos olhos com o crepúsculo, com o sopro do vento, música, o prazer o pensar o sentir, estás aqui, encontro-te em mim ao fechar os olhos, na quietude no rio no voo, escrevo-te para onde estás, onde me encontro eu mesmo.

Comentários

Maria disse…
"Pois a poesia é a minha explicação com o universo, a minha convivência com as coisas, a minha participação no real, o meu encontro com as vozes e as imagens. Por isso o poema fala não de uma vida ideal mas sim de uma vida concreta: ângulo da janela, ressonância das ruas, das cidades e dos quartos, sombra dos muros, aparição dos rostos, silêncio, distância e brilho das estrelas, respiração da noite, perfume da tília do orégão."

Sophia Mello Breyner Andresen, in Arte Poética II

E beijo-te,
Unknown disse…
Cala-se a mente na luz e deleita-se no compasso de um sereno bater de coração. O meu sentir enlaçado pelo toque, os sons, a visão; o meu corpo é um ponto entre brancos infinitos. Contigo, sou prazer puro. Contigo, um: somos aqueles que tudo são.

Beijo-te,

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