Linguagem de corpo presente
Foto: Maria T |
Nunca vi esse corpo
apesar de o ter tocado, as suas coberturas, sapatos, roupa interior. Esse corpo
que mantém a promessa de não se abster, de modificar o seu comportamento, de
parar o veneno. Mais insecto que animal. Esse corpo que quer sofrer, preso numa
jaula de costelas, numa grelha de arame farpado que liga dente a dente com
apenas o espaço necessário para respirar pois a humilhação pode tornar-se num
objecto de desejo. Esse corpo que exigiu a minha lealdade, que me ensinou a tremer,
que aprendi de cor a sua topografia de carne marcada, cada osso fracturado,
cada lágrima de pele
meio-curada.
Comentários
no meio das rochas e, mais tarde,
ao fundo da praia, o seu vulto
assemelha-se a uma árvore nua.
«Sou eu que caminho para ti»,
diz a mulher.
Jaime Rocha
Beijo-te,
Beijo-te,