Viver II



Hás-de tomar a sério o viver que aos quarenta anos, se for necessário, plantarás oliveiras sem pensar que algum dia serão para os teus filhos; deves fazê-lo, amigo, não porque não acredites na morte mas porque viver é a tua tarefa.

Comentários

Maria disse…
Contaram-me que existem homens queimando a vida a cuidar de jardins. Regam, transplantam, enxertam, podam, cavam - como se este contínuo trabalho de renovação os prolongasse para além de seus próprios corpos... a lenta e misteriosa aprendizagem de nascer, morrer e renascer... os jardins são labirínticas arquitecturas mentais onde podemos resguardar o corpo de qualquer voragem do tempo. A mim, basta-me o espanto da flor que murcha quando, no mesmo ramo, outra flor expande as pétalas ao sol.

Al Berto

Abraço-te,
Maria disse…
(fiquei a pensar na plantação de oliveiras e, não resisto a partilhar - a inundar - este teu precioso espaço com uma outra árvore...)

Cada árvore é um ser para ser em nós
Para ver uma árvore não basta vê-a
a árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada
À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fim
a árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa respiração
com a da árvore
com a árvore nós partilhamos o mundo...

A.R.Rosa

mais um abraço para ti,
Unknown disse…
deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te
e as loucas aveias que o ácido enferrujou
erguerem-se na vertigem do voo - deixa
que o outono traga os pássaros e as abelhas
para pernoitarem na doçura
do teu breve coração - ouve-me

Al Berto

Abraço-te,

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