Crepúsculo



Nos teus olhos, a calma de um rio que se abandona ao sol e lhe absorve o ouro enquanto tudo silencia. Sim, são assim: olhos que choram ao ver as estrelas. Tudo isto e mais são os teus olhos. Agora, nos teus abraços, adormeço e dizes-me palavras pequenas como se as estivesses a semear. E as tuas mão vagueiam nos meus lábios. E caiem-te palavras, sussurrantes, por entre as mãos.

E ali em ti mesma, ardente, viva, ao tocar-te desaparece este cansaço amargo, este silêncio em que me escondo, este abismo, esta imobilidade que apenas salta, bruscamente, quando nada me parece possível.

Comentários

Maria disse…
É com um suspiro que agora conto isto,
Tanto, tanto tempo já passado:
Duas estradas separavam-se num bosque e eu -
Eu segui pela menos viajada
E isso fez a diferença toda.

[Robert Frost]

A caminhar...
Unknown disse…
no meio do bosque, nos lugares mais assustadores, no mar; ali estavas tu

abraço-te,
Maria disse…
leva-o levemente através da paisagem imensa
e mostra-lhe as colunas dos templos ou as ruínas
mostra-lhe as altas
árvores-de-lágrimas e os campos de melancolia em flor,
mostra-lhe os animais - e por vezes,
um pássaro assusta-se passando em voo raso através do olhar
Ao anoitecer, Ela leva-o
E quando se faz noite, caminham mais suavemente
E, cheios de espanto, contemplam
roçando em lentos toques ao longo da face
o contorno indescritível.

Param no sopé da montanha.
Aí Ela abraça-o...

R.M.Rilke
&
Maria

Sim, abraço-te, como sempre.
Tudo,

Mensagens populares deste blogue

Um incêndio

Sentido de despertar