Da janela



A farsa diária desaparece. Por detrás, uma mão acende e apaga à vontade a sua própria luz.

Do outro lado da janela alguém resolveu o enigma: para entrar na vida basta uma porta. Nada que a luz não atravesse e oculte, nada que não seja a antiga inexactidão que bate asas e incendeia corpos.

Comentários

Maria disse…
Um dia que começa junto a teus pés

Como a luz entre os dedos deslizam
Como tu própria entre as minhas mãos
Como tuas mãos entre as minhas se entrelaçam
Um dia que começa em minhas palavras
Luz que amadurece até se tornar corpo
Até ser sombra de teu corpo luz de tua sombra
Rede de calor pele de tua luz
Um dia que começa em tua boca
O dia que se perde em nossos olhos
O dia que se abre em nossa noite

Uma rapariga ri à entrada do dia
É uma pluma incendiada...

[O.Paz]

Amo-te assim...
Tudo,
Unknown disse…
Tomados já de amor, in amorados,
Buscam só a morada, sem prefixo.

E, no entanto, há mapas, há sistemas
De orientação indica dores:
É ali, em tal lugar, em tal
Memória.

Um mito embalsamaram
No coração sem metafísica.
Entre sinais de voo e de metáfora
Entre um cantar e a sua escrita.

Palavras que rebentam....

Palavras que rebentam. Aflorando
A pedra, a solidão, deslizam, vagas,
Gramaticais, roendo inconformadas
As arestas, o atrito, puras. Quando

Nos líquidos, no éter, na distancia,
Diluem-se e morrem acabadas.
Não nos corpos, nas rugas, nas arcadas:
Combatem, rumorosas, cal e cântico.

É dificil atarem corpo e vida
Aos que vivem e morrem subjacentes
Subjazendo, talhados para mina.

Mas despertadas, bem ou mal medidas,
Rebentam em ogiva, funcionais
Chamas supostamente adormecidas.

[Nuno Guimarães]

E assim...
Somos.

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