As últimas sombras



Eu também me faço um pouco livro, adormeço em mim...

Luz difusa. Abre-se a madrugada como uma fruta. Mulheres despidas e homens silenciosos saem das últimas sombras. Esperam-me as árvores. Porquê? Estremecem as folhas. Vou inundando-me de música.

Comentários

Maria disse…
'Uma mistura de sorte e de prazer
a que chamamos o bem.

Nem todo o corpo é carne... Não, nem todo... às vezes mármore,
às vezes linho, lago, trono de árvore,
nuvem, ou ave...

Não,... nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo...

Vulto da Primavera em pleno Outono...

E perdiam-se
no ardente tecido em redor do peito...'

Contigo,
Unknown disse…
Despertar assim, trazendo a cabeça e o peito
repletos de coisas, vagas ou não,
depois de atravessar esse campo imenso
onde se dilui a consciência em alerta,
requer uma espécie de exercício de equilibrista.
O dia nos toma inteiros, nos chamando,
requerendo a nossa atenção permanente.
É o vermelho que aparece ao cruzar de uma rua,
o choro ou riso de uma criança que atravessa nossa parede,
esse imenso mar de gente em que mergulhamos,
o louco vai e vem desse todo indefinido
sem contornos da multidão,
que nos dilui no seu atropelo, onde de repente
não somos mais nós,
somos mais um; as pequenas solicitações do quotidiano,
no encadeamento de actos, escolhas e decisões,
em que a cada momento construímos futuro.
E longe, diluídos na torrente do dia e de suas repetições,
o eco dos sonhos maiores, pacientemente
aguardando a vez na fila de espera.

[Angela Santos]

Diluído em ti.

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