Dias elevados
No silêncio da noite fria ouço claramente uma música que me canta o ano que passou. Caminhamos pelos corredores do Inverno indiferentes ao partir do tempo.
Por dias de Verão sem melancolia, dias elevados com a estranha promessa do eterno. Parecem-me reunir o fogo mesmo quando aumenta o frio. Adorna a noite, liberta as nuvens; e na sua face (a lua radiante) surge um sorriso.
Comentários
ser o teu rosto naquele vidro, que eu vi
e não mais esqueci.
Faço do tempo um parapeito. E
debruço-me nele, à tua espera, sentindo
na madeira o calor do teu peito.
...
[Ensinaste-me]
a entrar sem saber por onde sair.
[Mas para que hei-de sair
de onde quero ficar?]
[N.Júdice]
Contigo.
Tudo,
a tua pura integridade delicada
a tua permanente adolescência de segredo
a tua fragilidade acesa sempre altiva
Por ti eu sou a leve segurança de um peito
que pulsa e canta a sua chama
que se levanta e inclina ao teu hálito de pássaro
ou à chuva das tuas pétalas de prata
Se guardo algum tesouro não o prendo
porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto
que dure e flua nas tuas veias lentas
e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar
Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva
para que sintas a verde frescura
de um pomar de brancas cortesias
porque é por ti que vivo é por ti que nasço
porque amo o ouro vivo do teu rosto
[A.R.Rosa, in O Teu Rosto]
Porque te amo.
Tudo,